A Grande Tribulação e a septuagésima semana de Daniel
Alguns teólogos afirmam que é uma perda de tempo estudar a respeito da Grande Tribulação, e uma falácia determinar o tempo desse evento escatológico com base na septuagésima semana de Daniel. Assim como relativizam os “mil anos”, que aparecem seis vezes em Apocalipse 20, não aceitam que a duração do período tribulacional esteja relacionada com uma profecia veterotestamentária. Mas não cabe a nós ignorar a Palavra profética, e sim interpretá-la à luz do contexto, segundo a iluminação do Espírito Santo.
Em Apocalipse 2.22, a expressão “grande tribulação” é empregada com o sentido estrito de punição à falsa profetisa Jezabel e seus seguidores. Mas, no mesmo livro, menciona-se a “hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo” (3.10), isto é, a Grande Tribulação — termo empregado em Apocalipse 7.14 e que melhor define o período de sete anos que iniciará logo após o Arrebatamento da Igreja.
Para alguns teólogos, Apocalipse 7.13,14 não alude a esse tempo de angústia, posto que — segundo eles — os servos de Deus ali mencionados são os que sofrem aflições e tribulações, em nossos dias (cf. Rm 8.18; Jo 16.33). Afinal, “por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus” (At 14.22). Entretanto, ao lermos o contexto imediato de Apocalipse 7.13,14, vemos que os tais santos serão os “mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram” (6.9-11). Estes são as vítimas do Anticristo (13.7,15), que, vestidas de branco (6.11; 7.13), virão “da grande tribulação” (7.14, ARA).
Teólogos que se apressam em afirmar que esse terrível e aterrorizante evento escatológico não acontecerá deveriam atentar com mais cuidado para o que está escrito em Mateus 24.21 e Apocalipse 7.14. As expressões “grande aflição” e “grande tribulação”, equivalentes no grego, não aparecem na Bíblia por acaso.
De fato, “desde o princípio do mundo até agora não tem havido, nem haverá jamais” (Mt 24.21) tanto sofrimento, destruição, tragédias naturais, degradação moral, etc., como ocorrerão na Grande Tribulação. Mas o que esse evento tem a ver com a septuagésima semana mencionada no livro do profeta Daniel?
Na Palavra profética, os anos são formados, geralmente, por 360 dias (30 dias x 12 meses = 360 dias). E os meses são de trinta dias. Não havia, nos tempos bíblicos, meses de 31 ou 28 dias. E não se considerava o ano bissexto. Em Apocalipse 11.3 está escrito que as duas testemunhas de Deus profetizarão por 1.260 dias ou três anos e meio (1.260 dias / 360 dias = 3,5 anos). Esse período também aparece em Apocalipse 13.5 sob a forma de 42 meses (1.260 dias / 30 dias = 42 meses).
Os 3,5 anos mencionados em Apocalipse são apenas a primeira metade da Grande Tribulação, que terá duração total de sete anos, conforme a profecia registrada em Daniel 9.24-27: “Setenta semanas estão determinadas [...] E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias, [...] E ele [o Anticristo] firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares”. O Anticristo, portanto, firmará um concerto com muitos por sete anos. E, depois dos primeiros três anos e meio, romperá o pacto, inaugurando a fase final do período tribulacional.
Dentre as setenta, a septuagésima semana são os últimos sete anos de um total de 490 anos (7 x 70 = 490), revelados ao profeta Daniel. Mas não é apenas com base nisso que se conclui que a Grande Tribulação terá sete anos de duração. A profecia de Daniel é apenas o ponto de partida para se chegar a essa conclusão. A contagem dessas setenta semanas de anos começou com o decreto de Artaxerxes para restaurar Jerusalém e foi interrompida com a morte do Messias (Dn 9.25,26)...
Por: James Alex G.Pires
Fontes: Bíblia João Ferreira de Almeida; Blog do Ciro